"(...) Caso contrário, serei forçado a dizer que Meyer não é apenas péssima escritora, mas também insana (e mais uma vez aponto que me forcei a ler quase 40 páginas de Crepúsculo antes de atirar o livro longe ao perceber que Meyer não seria capaz de escrever uma lista de compras).
Ou talvez eu esteja enganado e a autora seja brilhante, já que aparentemente conseguiu uma maneira de difundir suas crenças religiosas entre adolescentes impressionáveis – e a série não só defende claramente a abstinência sexual e a subserviência das mulheres como ainda sugere que o sexo tem fins meramente reprodutivos (Bella engravida imediatamente e aos 18 anos, o que é uma tragédia) e o aborto é impensável mesmo quando a vida da mãe encontra-se em perigo. Já do ponto de vista criativo, Meyer é mesmo uma picareta, já que encena o casamento de Edward e Bella apenas para logo voltar à dinâmica do “não posso tocá-la” e investe um tempo imenso num confronto entre lobisomens e “vampiros” sabendo que resolverá tudo de forma artificial e anti-climática (além, claro, de jamais encontrar uma razão plausível para que a tribo de Jacob queira atacar os Cullens, já que a desculpa do “bebê que poderá destruir os humanos” é patética até mesmo para os padrões da série). E se os diálogos continuam sofríveis (“Viva, está bem?”), pior é perceber como a escritora introduz uma “nativa” brasileira como um clichê ambulante do povo primitivo que se revela dono de uma sabedoria baseada em lendas antigas (e o “Nossa!” e o “Morte!” ditos pela tal índia chegam a ser risíveis)."
Não é à toa que acompanho as críticas do Pablo desde 1999.