19.6.07

Pensamentos impuros*

"Último tango em Paris", 1972 . Maria Schneider e Marlon Brando

* Campanha "Copie citando a fonte": Mme. Mean (além de fonte, inspiração).

5.6.07

Salve, salve

Vi no blog da Chris (Vermelho melancia) e achei a iniciativa incrivelmente simples e eficiente. Uma blogagem coletiva no Dia da Ecologia.

Quase chego a ser eco-chata. Já cheguei a falar disso no 7x7, reciclagem e tals. E sempre me senti uma eco-chata abandonada, sem respaldo.

É difícil falar do bem-estar ambiental para pessoas que:

1. nunca pensaram um dia ter de se preocupar com isso, pessoas que viveram na época em que a poluição era só especulação, a geração que viu surgir os automóveis e o boom industrial (sim, eles ainda vivem!), ou seja, que nunca acreditou de verdade neste monstro se criando.

2. nunca ouviram falar disso em casa. Pais que não têm o hábito de reciclar o lixo, cuidar melhor do seu carro (e usá-lo em casos inevitáveis somente), de apagar as luzes e desligar torneiras quando não precisam funcionar (sair do quarto deixando a lâmpada e a tv ligadas, escovar os dentes/lavar louça/barbear-se com a torneira aberta; lembram do racionamento, quando o excesso de consumo dava multa; isso deveria ter continuado, ad eternum) etc, criam filhos (e conseqüentemente) netos alienados e agressivos quanto à mudança de hábitos (com o perdão da expressão) imbecis.
3. que já ouviram mas se cansaram de ouvir ou deixaram a preguiça tomar conta.

Antes de viajar e morar na Espanha, eu já pegava no pé do pessoal em casa, para separar ao máximo o lixo orgânico do reciclável. Foi uma luta, mas no fim perceberam que é até mais prático para descartar definitivamente, quando o lixeiro recolhe o lixo (!) nos dias alternados.

Mas quando estive ali percebi o quanto o lixo é bem tratado, e como as pessoas fazem a maior questão de reciclá-lo. Por uma questão de higiene. Por outra questão de bem-estar social e ambiental. E por outra ainda de praicidade: um país tão pequeno, antigo e cheio de gente não pode se dar ao luxo de não se preocupar com o espaço que o lixo produzido ocupa em seu território.

E há ali um hábito tão simples que chega a ser bobo, ou nos deixa bobos, como não pensamos nisso antes?!

É fácil bitolar, achar que o lixo tem categorias que nunca podem se misturar. Mas na Espanha se usa o seguinte: dentro de casa uma lixeira para orgânicos, outra para vidros e outra para papéis, metais e plásticos.

'Peraí: metal, plástico e papel, tudo junto?

Sim, por que não?

São materiais secos, que não se misturam, e para quem recicla, separá-los é bem mais simples do que se misturar com lixo orgânico. E outra coisa, vidro não é um lixo muito comum, por isso, facílimo de descartar, bastar deixá-lo reservado numa caixinha de papelão e à mostra: não queira mutilar o cara que recolhe o seu lixo para o aterro sanitário.

Outra coisa: custa o quê ir à padaria duas quadras da sua casa a pé e não de carro? Reconheço que há distâncias/horários que pedem carro, ônibus, trem. Mas há distâncias facilmente cumpríveis a pé, de bicicleta. Fico fula em ver amigo meu sair de casa para andar 1 quarteirão de distância pra comprar pão! Eu mesma, trabalho a 4 km de distância da minha casa e faço o percurso a pé, não só para não poluir, é mais barato e saudável.

Se não for por seu próprio bem estar, que seja pelo bem estar de sua família, de seus filhos, de seus netos (vindouros ou já presentes); ou que seja por praticidade, vai por mim, tome a iniciativa de mudar um tiquinho seus hábitos e perceba como tudo se facilita.

Não é possível que não te doa pensar que todos os dias milhares de pessoas morrem por sede e fome porque não têm de onde tirar comida ou água, porque suas fontes secaram, não pelo excesso de uso, mas pelo clima cão que só faz cozinhar o planeta cada dia mais e mais. Cuidar do seu lixo é bem pouco mas já é algo.

No fim tudo se resume a, literalmente, sacudir a poeira. O problema que o mal da humanidade é ter preguiça de se mexer, de mudar.